Quando os japoneses resolveram criar um carro de alto padrão para o mercado norte-americano eles não brincaram em serviço. Veja os 4 passos que eles fizeram para a criação da marca Lexus.
Nos início dos anos 80, a Toyota estava incomodada. Apesar de ver seus carros sendo vendidos cada vez mais no EUA, ela percebeu que a sua marca estava associada a carros baratos e compactos.
A Toyota então criou um ambicioso plano e colocou como meta desenvolver o melhor automóvel de luxo dos Estados Unidos. Essa tarefa não era nada simples, isso significava comprar briga com a BMW, Mercedes-Benz, Jaguar e Cadillac que eram as marcas referência em performance, dirigibilidade, conforto e preço.
Para muitos isso poderia ser uma causa perdida, mas não para a Toyota que acreditou que seria possível, desde que fosse uma ação muito bem planejada e executada.
A companhia montou um time de trabalho com os melhores profissionais e estabeleceu uma estratégia com 4 passos.
Passo 01 – Estudar a concorrência
A equipe comprou veículos da BMW, Mercedes, Cadillac, Jaguar, Audi, Volvo e rodou centenas de quilômetros com eles. Depois da avaliação super rigorosa com um checklist muito detalhado, eles escolheram os alvos a serem superados: Mercedes S Class e BMW 7 series. Esses dois modelos, eram, na opinião dos japoneses, os melhores carros de luxo disponíveis nos Estados Unidos. Os dois carros foram então desmontados e estudados, peça a peça, detalhadamente.
Passo 02 – Conhecer o consumidor
Os orientais sabiam que a cultura norte-americana é completamente diferente da japonesa. E, para que eles compreendessem melhor os valores, hábitos e filosofia, era preciso passar um tempo imerso na sociedade americana.
A Toyota alugou então uma bonita casa em Laguna Beach – uma região badalada dos endinheirados no sul da Califórnia. Além disso, passaram a frequentar os melhores restaurantes, joalherias, clubes de golfe e todo tipo de evento sofisticado. Entrevistaram vários tipo de pessoas, do motorista da família ao empresário bem-sucedido.
Ao mergulhar naquele mundo, os japoneses descobriram que os americanos desejam o status, luxo e a ostentação. E mais: concluíram que a imagem era mais importante do que a performance do veículo. Isso não fazia nenhum sentido para a racional cultura japonesa. Claro que os americanos prezam pela qualidade mas o mais importante era a imagem que a marca projeta na sociedade de consumo.
Passo 03 – Desenvolvimento do Produto
A conclusão da longa e dispendiosa pesquisa foi que a Toyota deveria desenvolver um projeto do zero. Para produzir o carro dos sonhos da América não poderia nada de japonês no novo projeto.
Tendo a Mercedes S Class e o BMW 7 Series como referência, os técnicos e engenheiros japonês buscaram aprimorar cada peça. Todo componente desenvolvido deveria apresentar um adicional de qualidade, de deficiência, de sofisticação ou qualquer vantagem mesmo que não seja perceptível.
Entrava em ação o famoso sistema de Melhoria Contínua da Toyota, baseado na filosofia de que qualquer ganho, por mínimo que seja, pode agregar muito valor no resultado final.
Depois de 6 anos de desenvolvimento, inúmeros protótipos, acertos e fracassos finalmente o produto estava finalizado.
Passo 04 – Criou uma nova imagem
Os japoneses estavam certos de que não adiantava produzir o melhor produto do mundo, eles precisavam romper com a barreira da imagem.
Os americanos desejavam um carro para ostentar. E a marca Toyota não dispunha de prestígio perante o público de alta renda. Pelo contrário, era associada a veículos pequenos e econômicos.
A saída encontrada foi criar uma nova marca: Lexus com a impactante slogan “a inabalável busca da perfeição”
Assim, em 1989, foi lançado no mercado americano o Lexus LS400 estabelecendo um novo padrão de luxo no segmento. De acordo com a prestigiada revista Car and Drive o Lexus superou os seus concorrentes em todas as categorias avaliadas: performance, economia, peso, silêncio e preço.
A Toyota ao desenvolver o projeto Lexus mostrou, mais uma vez, que a fronteira do possível ou impossível é ditada pelas nossas crenças e capacidade de inovação.